Evento organizado pelo El País, em Madrid, nesta quarta-feira, colocou em debate o futuro do jornalismo. A proposta era discutir a reportagem e os veículos em tempos de Wikileaks e outros vazamentos. Conclusão: os meios de comunicação têm a responsabilidade de selecionar o que deve ser publicado, desconsiderando informações que possam colocar vidas em risco.
O debate reuniu diretores dos cinco jornais que receberam o material do Wikileaks vazado do Departamento de Estado norte-americano. No painel, estavam os dirigentes do El País, The New York Times, Le Monde, The Guardian e Der Spiegel.
Georg Mascolo, do Der Spiegel, defendeu a publicação de documentos secretos, desde que com avaliação de riscos e interesses.
_ Nós não nos propomos a publicar o conteúdo como recebemos, porque eles não eram auto-explicativos. A segunda razão foi que percebemos que tinham as informações, como nomes, para serem mantidos em segredo.
Bill Keller, do New York Times, contrapôs a ideia de que o caso Wikileaks seja o maior acontecimento dos últimos tempos. Para ele, os vazamentos são apenas mais um sintoma da era da internet.
_ Não creio que o WikiLeaks tenha inventado uma nova era no jornalismo _ afirmou o diretor.
Sylvie Kauffman, do Le Monde, argumentou que o caso wikileaks é um exemplo da ligação crucial entre a imprensa e a democracia.
_ O jornalismo não mudou fundamentalmente, mas o wikileaks colaborou muito para os nossos esforços em conseguir uma maior transparência.
Alan Rusbridger, do The Guardian, defendeu o jornalismo gratuito na internet, pois quanto mais audiência, mais poder e influência. Para ele, o vazamento do dados também é um indicativo de poder:
_ A importância disso é que o poder do WikiLeaks, e outras organizações, é que eles podem ignorar o poder dos governos para publicar essas informações.
Não foi o jornalismo participativo que apequenou os textos autorais de jornalistas. Nem será o Wikileaks que acabará com os repórteres investigativos. Quiçá com a nossa vida útil, reles editores.
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